NINGUÉM É DONO DE NINGUÉM!
É intrigante como os termos ter/ser dono e ter/ser posse estão sendo usados de forma nociva e vulgar. Não dá pra misturar fantasia (termos ilustrativos) com realidade.
Você só é dono de um animal até ele conseguir fugir, teste isso com um pássaro. Nossos pais não são nossos donos, quem dirás, alguém que encontramos numa liturgia. Esse termo é bastante representativo, porém irreal, e vocês precisam ter essa noção.
Um submisso se submete e se diz posse do dono, mas naturalmente não há nada judicialmente falando, que o torna posse real e irrefutável dessa pessoa. Matrimônios acabam de forma trágica por esse tipo pensamento retrógrado, assim como a escravidão precisou ser abolida da humanidade, e situações análogas, são consideradas crime.
É bem complexo falar disso, eu até me refiro (as vezes) à um submisso como posse, mas no sentido de estar com ele, de ser servido, de ter sua dedicação, não de ter ele como minha propriedade real. Infelizmente, o BDSM tem trazido essas insanidades à tona e alguns questionamentos são passíveis de avaliação/validação por todos nós. Se não devemos usar o termo escravo (em tom de ilustração ao sofrimento dos nossos antepassados) porque é pejorativo e machuca, por que usamos posse se não somos donos de ninguém?
Enquanto for algo saudável falar que tem alguém, remetendo ao fato de estar com você (fazendo companhia de alguma forma), beleza, mas no BDSM isso pode vir com um peso diferente. Um controle que foge à naturalidade atual.
O BDSM é uma troca de poderes, não de domínio (no sentido literal).
Se eu sou dono do submisso, o submisso também é meu dono, porque ele TEM um dominador, ele possui um dominador, é uma troca de posses. Se eu não tô disposto a ser posse de ninguém, eu não posso estabelecer relações de cunho possessivo. Eu apenas mantenho uma relação, e nessa relação, há entrega de ambas as partes, a troca de poderes: Eu mando, você obedece. Eu quero, você executa. Eu estou por cima, você por baixo.
Existe um grupo grande de pessoas com dificuldades emocionais e precisam de pertencer à ou ter alguém. Para muita gente, a solidão é o pior castigo, por isso, tanta facilidade em ter/ser posse.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
DESINSPIRAÇÃO FETICHISTA
Li esse termo num post aleatório e imediatamente, dezenas de papos, relatos, cenas e vivências do meio fetichista veio à mente.
Pessoas são feitas pra decepcionar, essa
frase nunca encaixou tão bem nesse contexto. A mais pura verdade, é que
nós apostamos todas as fichas em quem admiramos, somos seres assim,
coletivos e sociáveis. Só que não esperamos que essas pessoas também
sejam e tenham outros comportamentos. Todo fetichista já se decepcionou
com um semelhante em algum momento. Seja por erros sociais (como apoiar o
governo oposto ao seu), seja por que a pessoa precisou de um tempo e se
afastou do meio, ou até mesmo, por adotar mudanças nas suas práticas.
Essa desinspiração vem sendo abraçada de forma mais comum na atualidade.
Estamos vendo que fulano disse não curte que encostem nos pés dele, mas
tava curtindo numa festa podo com três pessoas chupando seus pés.
Beltrano jurou a vida inteira que era hétero, e agora, além de sessões
com outros homens, também está comendo os caras. Sicrano afirma pra todo
mundo que não cobra (findom/cashmaster) sessão, mas no final da sessão,
ele exige um presente no valor de R$ 350 e o submisso é obrigado a
pagar.
As pessoas erram, as pessoas mudam, elas
enjoam de spanking, elas podem beijar na boca de submissos, elas têm
comportamentos de riscos que não te agradam, são preconceituosas e
racistas, andam com pessoas ruins, elas apoiam causas contrárias às
suas, elas mentem, elas dão um tempo pra se cuidar, elas casam, elas
cansam, elas até se aproximam na amizade e falam mal de você por inveja.
Não precisamos mais dar a alma nem
permanecer na promessa 'idolatrária' se a gente não comunga mais com
tais pensamentos. Podemos perder a inspiração pelas pessoas e talvez,
continuar apenas com a admiração e respeito. O meio fetichista também é
falho, muito. Desinspire-se!
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
•Significado de útil: Que tem uso, préstimo ou serventia; que satisfaz uma necessidade. O que é proveitoso; aquilo que é necessário ou vantajoso. Alguém ou algo (podendo ser abstrato, como o tempo) que atinge resultado esperado.
•Significado de Inútil: Que é desnecessário; sem utilidade (podendo ser abstrato, como um comentário). Desprovido de serventia; que não serve para nada, que não é produtivo; sem conteúdo ou fundamento. Aquele que não é capaz de realizar alguma coisa.
Diante de tantos tratamentos indiretos e informais no meio fetichista, o termo 'inútil' vem sendo aplicado erroneamente nas conexões entre tops e bottoms.
Ao tentar desprezar ou diminuir alguém que não lhe serviu naquele momento ou situação, os tops apenas chamam a pessoa de inútil. Por conta disso, muitos bottoms de mente abatida, também se auto referem assim.
Mas o sub é inútil por não aceitar ser chamado de verme e te repreender? É inútil por não pagar o tal tributo que você cobrou sem nem bater um papo? É inútil por se recusar a mandar uma foto se auto penetrando com um frasco de desodorante? O cara é inútil por não escrever seu nome no corpo e alimentar seu ego frágil? O bottom é inútil por não querer participar de games onde ele seria exposto? É inútil por não querer transar sem preservativo? Ele é inútil por não te tratar como um rei e fazer o teatro virtual que você gosta? Inútil apenas por estar abaixo na verticalidade?
Se esses bottoms são tão inúteis, eles não deveriam ser tão requisitados. São esses bottoms que dão palco, e muitas vezes, são os palcos de atenção dos tops carentes das redes sociais. Sem esses "inúteis", como ficaria a fama de "malvadão" dos tops sem conteúdo? Nunca soube da existência de dominador sem submisso.
O fim do respeito à limitação de terceiros está sendo um grande e difícil problema de se enfrentar no mundo fetichista. A frase "ou me serve ou não serve" nunca fez tanto sentido se usada com sabedoria, pois o que não serve pra mim, pode servir pra alguém (ou ser reciclado em outro contexto).
No fim de tudo, fica um questionamento reflexivo: Quem é o inútil descartável mesmo!?!
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
As escolas da vida nos levam à caminhos tortuosos e nos fazem descobrir estradas realmente sinistras. Assim como a maioria das práticas e comportamentos sociais/sexuais, o BDSM também aderiu negativamente ao mundo virtual, e na onda onde tudo se faz à distância, a coisa ficou um pouco pior. Já não nos bastassem todos os problemas e preconceitos externos (não que os internos fossem menores), os ditos "BDSMers New Generation", deram espaço para que os fakes ou os não tão populares, crescessem sem muito esforço, assim, o BDSM EAD surgiu. A lei da oferta e procura fez essa demanda vergonhosa crescer, e não, não se faz um bom BDSM de forma remota (apenas assim). É indecoroso ver dominador que manda submisso ficar executando ações que ele mesmo faria, se tivesse capacidade. Aulas e mais aulas de auto spanking, auto CBT, auto fisting, auto shibari, auto wax play, auto pissing, auto castidade e mais práticas diárias cansativas.
Não estamos falando de auto conhecimento e descobertas pessoais, estamos falando do tipo de sessão que eles chamam de BDSM. Eles estão ensinando os submissos a serem dominadores... E digo mais, se descobrirão switchers e serão bem melhores do que eles (já está acontecendo).
Esses webdoms que montam haréns, se acham super aptos a estarem em algum pedestal, mas os alunos são os primeiros a deslegitimizar e rirem deles, e no fim, aquelas velhas perguntas: Quem manda em quem? Quem certifica quem? Quem usou quem?
O BDSM evoluiu e sempre vai estar em constante rotação, mas não foi a pandemia que redefiniu a liturgia, foram as pessoas acomodadas em seus locais de segurança. No lugar do avanço, um retrocesso aos tempos do bate papo UOL, onde informações distorcidas eram as verdades acessíveis.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
O mundo evoluiu, essa colocação é irrefutável. Tudo é digital, tudo é tec, tudo tem o dom de influenciar rapidamente.
Não dá pra encaixar os "genitais influencers" no topo da pirâmide do mundo dos fetiches, mas certamente eles são o público de muitos fetichistas. Não acredito que essa exposição toda seja fruto apenas do exibicionismo (que por ser fetiche, estaria OK). Indivíduos entraram nessa onda num efeito manada absurdo... mas quem são eles?
São pessoas que tem muito pouco a oferecer, geralmente (eu disse geralmente), são só aquela casca sexual. Você tenta entender as legendas ou enunciados, mas os erros de português moram ali, você quer entender os tempos verbais, mas sua cabeça buga, é preciso ler duas ou três vezes pra tentar interpretar o foco (isso quando tem legenda). As conversas são vazias e desconexas, assim como, é vazio também, o interesse pela pessoa em si, e não somente na mercadoria que eles oferecem.
•São homens gays achando que podem transformar c* em b*ceta.
- Será uma frustração hétero reprimida? Porque elogio não é.
•São mulheres que namoram verdadeiros babacas e insistem em fazê-los de corno.
- Não é pelo prazer do fetiche, é pela oportunidade de dar pra mais alguém.
•Homens achando que são o retrato do prazer garantido das mulheres.
- Como se eles tivessem mesmo esse poder, mas eles não têm.
São corpos esculturais, tatuados, brilhosos, uns cobram, uns trocam aparições, mas todos estão tentando apenas aparecer, aumentar números e confirmar suas performances.
Tamanho/espessura de pa* e b*nda grande não são parâmetros de alguém bem sucedido, de honestidade ou de um bom coito.
São pessoas que podiam não explorar o lado ruim das coisas, mas elas edificam o desserviço de disseminar relações sexuais sem proteção, atos em lugares públicos onde geram constrangimento de terceiros, distorcem histórias, liturgias e vivências em nome do foco errado. Elas fazem o inverso do que desejaríamos ver ou deixar apenas no universo fantasioso.
Migraram do Facebook pro Instagram, depois pro Twitter, e agora, dominam redes terciárias como o OnlyFans. A gente não entende esse desespero social, essa forma avassaladora de atingir mais pessoas através do $exo. É passageiro? É uma saída financeira? É o novo, novo normal? Eles nem sempre assumem, mas temos que aceitar, naturalmente ou negativamente, são influenciadores genitais.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
BDSM NÃO É TEATRO
Teatro é um termo
de origem grega que designa simultaneamente o conjunto de peças
dramáticas para apresentação de histórias ou atividades para um público.
Também pode ser o edifício/local onde são apresentadas essas peças.
Teatro é uma forma de arte na qual, um ou vários atores apresentam
determinados enredos que despertam nas plateias, sentimentos variados.
Ao
longo das décadas e expansão das práticas fetichistas, assim como sua
licença poética para aplicações/atuações em materiais cinematográficos,
literários, áudio visuais e até mesmo teatrais, os termos ao se referir
ao BDSM também se adaptaram. Desde então, se usa muito o termo de que
BDSM não é teatro. Isso se aplica ao indício de que o BDSM em seu
contexto litúrgico e histórico, seja algo orgânico/natural/exímio,
portanto, nota-se que os atos praticados por BDSMers não sejam uma forma
de encenação fake. Saliento que muitas práticas isoladas de fetiches,
são sim, encenações e para tanto, não entram nessa definição. Um exemplo
disso, é o fetiche de exibicionismo, onde pessoas buscam de algumas
forma, espectadores aptos ou não, para voyeurizar seus atos.
Dizer
que o mundo BDSM não é teatro, não fere nem tem nada a ver com a
representatividade e importância histórica da arte teatral. BDSM é para
vivenciar e mostrar o que você curte, não um fingimento ou forma de
ludibriar um público. É uma forma consensual de praticar desejos não
convencionais livre de amarras (e minimização de julgamentos).
Existe uma parte do universo BDSM que é feito em público (bares,
eventos, premiações, casas especializadas, workshops, etc), que são as
cenas. Aí sim, existem apresentações de exploração dos atos onde a parte
teatral cabe, como disse, é uma cena. Nesse momento, você pode explorar
plays, interação com plateia, performar algo ensaiado, cobrar
bilheteria, caprichar nos figurinos e ambientação cênica, quiçá,
orientar um público baunilha.
Assim como a televisão, rádio, acervos
manuscritos e publicações digitais, o teatro é uma grande riqueza para o
crescimento da sociedade.
Externalizar seus desejos não é fazer
teatro. Se você sabe o que quer, o que gosta e o que faz de forma
natural, é real. Se seu BDSM é fiel à quem participa dele, se ele é
parte de você, se ele respeita as bases históricas, se não afeta seu
comportamento moral nem o de terceiros, e se te faz feliz, tenha orgulho
de não receber um Oscar por ser BDSMer.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)

DEMENTES NO BDSM - UM COMPARATIVO SOBRE JEFFREY DAHMER
Jeffrey
Dahmer foi um serial killer que matava vítimas para ter prazer sexual.
Além de matar, ele se tornou canibal e transformou suas fantasias mais
bizarras em realidade. Num documentário chamado "Dementes", que busca
entender os impulsos e razões que se passam nos assassinos em série,
percebemos muitos atos atrelados negativamente ao BDSM.
Não existe
nenhuma informação específica/científica sobre o que nos leva a viver o
BDSM. Traços da psicologia até tentam explicar momentos, lapsos, traumas
e gatilhos, mas no geral, cada um tem seu entendimento e motivo pessoal
de avaliar e viver seus fetiches. Infelizmente, dentro do meio
fetichista, muitos adeptos (ou não) conseguem enganar muitas vítimas
para obter seus desejos particulares. Não imaginamos que pessoas legais,
engraçadas, inteligentes e sociáveis tenham traços homicidas. Nem
sempre os "redflags" são nitidamente visíveis, mas alguns detalhes são
notados pelos mais espertos. Muitos dominadores têm usados estratégias
doentias para conseguir submissos.
Precisamos estar dispostos a
enxergar supostos problemas escondidos em linguagens, postagens,
curtidas e comportamentos sociais. O meio virtual tem sido de grande
valia para evitar crimes e mortes, mas também está sendo porta aberta
para que muitos deles estejam acontecendo sem nenhuma dificuldade.
Linkando
ao serial killer citado, o modo de agir usando bebidas alcoólicas e
drogas com suas vítimas, é o mesmo que vemos em muitas sessões. Todo
elemento externo que te mova da realidade, não é bem vindo ao BDSM é
foge do SSC (São, Seguro e Consensual). Pseudo dominadores estão
atraindo menores de idade todos os dias, estão conseguindo trabalhar a
mente de pessoas frágeis e vulneráveis, estão positivando atos
criminosos e parafilias nocivas, estão alimentando fantasias que podem
levar à fatalidades. Muitos dos que usam termos do BDSM, sequer sabem o
significado, sequer estudaram sobre, estão ali apenas pela brecha de
poder abusar. Muitos dos gays que trocam contato com outros gays, nem
sempre são gays, podem ser homofóbicos buscando vítimas. Muitos dos que
são super acessíveis e abertos à "fast fodas", nem sempre querem apenas o
sexo, pode ser a oportunidade para o estupro, extorsão, filmagem
clandestina, transmissão de doenças, etc.
Pessoas estão sendo
atraídas por fantasias e taras sem pensar muito nos riscos iminentes.
Não se tem um longo papo, não se checa história e informações de
terceiros, não se tem nenhum amor próprio. O desespero tem criado
vítimas todos os dias. Algumas feridas se curam, algumas permitem
tratamento e outras, a família vai ter que suportar. Você pode ser mais
um que vai e não volta.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
A MULHER NO MEIO BDSM
Alguns pensam
que somos evoluídos demais, enquanto outros, têm a certeza de que
realmente somos. O fato concreto é que não estamos nem no meio dessa
jornada evolutiva. Mulheres estão galgando bons passos a cada dia,
conseguindo construir carreiras e ter suas reputações reconhecidas sem
necessariamente, passar por aprovações masculinas. Elas conseguiram
direitos de votar, trabalhar na rua ou ter seus negócios, não querer ter
filhos, dirigir aviões e ditar suas incríveis vidas... e no BDSM? Assim
como no universo baunilha que convivemos, as mulheres ainda têm extrema
dificuldade de convivência no universo dos fetiches, inclusive por ser o
alvo dos fetiches.
Além de toda parte negativa que tem em
fetichizar o indivíduo feminino, temos que presenciar homens
deslegitimando o papel (necessário) das Dommes, diminuindo a vida das
submissas além do aceitável, ignorando a importância de suas caminhadas
no meio e afrontando seus atos. É vergonhoso ter que presenciar
dominadores elegendo destaques fetichistas sem mencionar mulheres,
ovacionando vários outros homens e simplesmente invisibilizando as
mulheres ou até mesmo, evitando compartilhar assuntos, momentos e
conteúdos com elas. A profundidade dessa ignorância machuca, fere
imensamente tudo que estamos construindo em passos lentos, simplesmente,
nos retrocede no instante que cabia impulsionar. Mulheres podem ser
dominadoras, submissas, switchers, entusiastas. Elas podem ser mães,
podem ter pets, podem mudar de gênero. As mulheres podem e merecem tudo
que elas desejarem. O BDSM é só o conjunto de quatro letras que elas
dominam, é o lugar que elas escolheram estar, o meio que elas podem
exigir respeito (de todos os lados) e acima de tudo, o lugar que deve
ser exemplo de uma sociedade evolutiva.
Mulheres no BDSM, mulheres nos fetiches, mulheres na vida.
Ilustração: @goditacos
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
PREP é Profilaxia Pré-Exposição de risco à infecção pelo HIV e consiste no uso preventivo de medicamentos antirretrovirais antes da exposição sexual ao vírus, para reduzir a probabilidade de infecção pelo HIV. O objetivo da PrEP é previnir a infecção pelo HIV e promover uma vida sexual mais saudável. Já a PEP é uma medida de prevenção de urgência à infecção pelo HIV, hepatites virais e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST), que consiste no uso de medicamentos potentes para reduzir o risco de adquirir essas infecções. Deve ser utilizada após qualquer situação em que exista risco de contágio, tais como: Violência sexual, relação sexual desprotegida (sem o uso de camisinha ou com rompimento acidental da camisinha) e acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico).
Lamentavelmente, o benefício dessas duas medidas está sendo distorcido na sociedade, principalmente pela população gay (masculina). Estar em acompanhamento/tratamento de PrEP, não significa ter total aval libertário para práticas de atividades sexuais com descuidos propositais. Usar a premissa de estar vivendo com PrEP para ter uma vida ativa (sexualmente falando), sem limites e preocupação com riscos, é de fato, um dos comportamentos atuais mais preocupantes. Ignorantemente, essas pessoas acham que apenas o HIV é o único motivo impedido e que podem transar sem preservativo, mas temos diversos tipos de ISTs (doenças ou infecções sexualmente transmissíveis) adquiridas e repassadas através de atos sexuais. Indivíduos sem muito raciocínio, estão usando o PrEP para justificar novos meios de sustento sem proteção nos vídeos pornôs, programas e até mesmo, banais fetiches/aventuras sexuais, mas esquecem que todos nós podemos transmitir clamídia, herpes genitais, cancro mole (cancroide), HPV, doença inflamatória pélvica, donovanose, gonorréia, linfogranuloma venéreo, sífilis e outras complicações. Precisamos refletir sobre que papel estamos vivendo na sociedade, se é o de adulto consciente ou o inconsequente. Avaliar os riscos, respeitar toda a rede de saúde envolvida nas nossas escolhas, preservar o próximo, e acima de tudo, nos respeitar. O avanço da ciência é lento e para o bem comum, assim como nossas atitudes. Nunca equipare essas ferramentas de prevenção com a salvação da sua saúde sexual.
Referências biográficas: aids.gov.br
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)

Limites, precisamos de limites (guarde essa frase).
Humilhações de todos os tipos viraram ferramentas de uso, poder, abuso e danos. O que era feito de pessoa para pessoa, se tornou algo pontual no meio virtual, virou meta classificatória e com isso, ressignificações aleatórias fazem parte negativa do nosso dia-dia.
Partindo do conceito básico universal racional do mundo fetichista, a humilhação também deve seguir o "São, Seguro e Consensual", mas acima de tudo, jamais esquecer que todos eles precisam estar sob a luz do ato "Consciente". A prática de humilhação transformada em fetiche, se confunde muitas vezes, com práticas negativas de homofobia, gordofobia, racismo e xenofobia. Dentre as práticas mais comuns, estão a humilhação do pênis pequeno, do corno e da estrutura corporal. Na verdade, nem tudo isso é fetiche. Muitas dessas práticas não se encaixam em definições fetichistas, elas se agregam aos praticantes, mas fetiche é diferente. Difícil explicar definições quando temos entendimentos diferentes de muitos temas, mas esses tipos de humilhações são parte de um escape psicológico. Aí é que destacamos o lado ruim de fetichizar um ambiente desconhecido. Quem tem pênis pequeno, precisa aceitar a condição porque não tem como fazer ele crescer, uma das formas de aceitação é se auto humilhar ou deixando (pedindo) alguém o diminuir como forma de punição social e estancamento dessa condição. Para quem humilha de forma gratuita, na maior parte das vezes, é maldade pura. Geralmente, é uma maneira de se sentir superior e se auto avaliar com nível de importância acima do humilhado. Muitos deles (humilhadores) não têm tantos outros atributos (conteúdo) e se baseiam no tamanho do próprio pau pra ser melhor em algo. Repare que a maioria dos que se sentem bem humilhando, são fakes, são vulneráveis, baixo nível escolar/social, são pessoas de passado ferido, pessoas de conteúdo limitado e sem atos reais. Quem curte ser humilhado precisa estar consciente, permitir, apontar e praticamente pedir que os outros usem essa arma como forma de condicionar a sua condição física/psicológica/social. Tem gente que pede pra ser humilhado e depois entra em depressão porque a outra parte perdeu o tom da play. Humilhar a humilhação pode gerar frustrações, a pessoa se tranca e pode até se suicidar. Alguns indivíduos, buscam esse motivo para desistir das coisas, da vida. Nem todo mundo está preparado para modinhas das redes sociais, o problema cresce, vira um peso e ele desiste (muitas vezes, sem volta). Pseudo dominadores insistem em errar nas humilhações, machucam de verdade, perdem os limites. O total entendimento não chegou pra todo mundo, mas precisamos ter controle da sensibilidade ao consentir ou participar desse movimento. Humilhar a humilhação precisa de limites.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
Sabemos que a sociedade em sua essência, é machista, autoritária e hipócrita. As pessoas, ao tentarem a evolução, infelizmente atropelam alguns limites alheios (geralmente por ignorância). As pessoas tentam seguir diálogos, ditos e modinhas de outros indivíduos que nem sempre são a referência certa. O erro vai se multiplicando.
O "machismo intolerante", por muitas vezes, disfarçado de apenas um termo inocente, vem trazendo ao meio gay do BDSM, o que já não era bem visto no meio hetero/bi... A diminuição do ser feminino através de termos pejorativos e negativos. Os homens aprenderam a degradar outros homens usando termos, tratamentos e xingamentos no feminino, na tentativa de se sentirem superiores, melhores e mais importantes do que os seus alvos. Putinha, cadela, oferecida, vagabunda, otária, arrombada, nojenta, ridícula, vadia, escrota e outros tantos, são peças frágeis do vocabulário frágil desses supostos dominadores de masculinidade frágil (e tóxica). As 4 queixas mais frequentes dos submissos são: 1. Serem obrigados a chamar de Senhor ou outro tratamento de reverência, pessoas que são apenas contatos iniciais. 2. Abordagens agressivas com exigência de pagamentos. 3. Não sentir firmeza e verdade no modo BDSMer de ser do dominador. 4. Ser tratado com palavrões, inferioridade e no sexo feminino.
Isso é muito sério. Ofende as mulheres, ofende quem não curte, ofende o meio. Mulheres são a base da nossa vida, todo ser humano, nasceu de uma. Se você não está com uma mulher biológica/cis ou uma trans ou alguém que realmente curta ser tratado(a) no feminino (temos sissys, femboys e crossdresser no mundo dos fetiches), o seu fetiche precisa ser bem definido e revisto. Fica cansativo ver dominador tentando imputar o feminino como algo inferior e negativo só por fazer, só pra alimentar seu ego ou seus problemas internos. BDSM não é ofensa, não é preconceito e não é discriminação. Se for fetiche, precisa ser de mão dupla.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
Muitos submissos/fetichistas criam expectativas, metas, conclusões e novas teorias para um novo BDSM que não existe, muitas, totalmente equivocadas. Tudo na vida precisa ter como base, o conhecimento. A região anal é bastante vascularizada e sensível. O plug anal pode ser uma grande saída para quem quer se descobrir e potencializar orgasmos com a estimulação desse campo mal explorado. Os plugs são acessórios facilmente encontrados em sex shops (físicos e virtuais). Deve-se saber
qual o melhor modelo a se usar, qual tamanho (alcance de profundidade), diâmetro/dilatação, material e outros atrativos. Plugs bem escolhidos são os que te deixam elevar o prazer, tanto na parte externa, quanto na interna, incluindo o alcance para estimulação prostática.
Cada ser humano é único, tem uma fisiologia única, respostas sensoriais únicas e nem sempre o resultado comum é comum para todos nós. Usar um plug anal e não ter ou manter a ereção o tempo todo não significa que você seja mais ou menos submisso. Usar esse item, não tem ligação
nenhuma no nível de sexualidade, homossexualidade, submissão ou qualquer outra coisa mal entendida. Estimular a região anal e ser submisso é só uma mera prática pessoal do bottom. Não indica nem a posição do "ser" passivo, até porque, muitos submissos/bottoms são ativos (sexualmente falando), alguns, exclusivamente ativos. Estar sendo estimulado e não estar excitado, pode ser dentre outras coisas, a banalização do tesão momentâneo ou, costume do item introduzido ou até mesmo, o auto controle sexual. Não tem a ver com BDSM/submissão e muito menos, com masculinidade. Em muitas sessões, submissos estão lá curtindo, sem castidade, com plug e o pênis continua em modo repouso. Eles se controlam. Nem sempre o tesão está no pau.
A diferença da gente (seres humanos) para muitos outros animais, é que somos racionais, evoluídos e o controle das nossas emoções e impulsos fazem parte da nossa contínua evolução interna. Plug-se!
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
Não ache que esperar é o tempo de aguardar chamar sua senha, chegar sua vez, chegar um amigo ou algo do tipo. A arte de esperar é sua, é interna, é individual, é acima de tudo, valiosa. Esperar é se respeitar, é saber a hora certa pra tudo que estará por vir. Não caia na lábia de qualquer dominador/submisso/influenciador. Espere seu momento das coisas, as coisas boas simplesmente acontecem. Programar não é defeito, se programe, espere. Sua vida vale mais do que um ímpeto desejo de momento. Espere pra que sua energia possa ser trocada de forma digna com quem a merece. Espere, a arte de esperar é sua.
Mestre Ikaro Domini (Pedro Bial do BDSM)
O dia amanhece e tudo é renovado, desde o seu primeiro suspiro, até o próximo leite derramado. Nenhuma sessão foi em vão e muito menos descartável, tudo na vida é pra aprender, mesmo quando no fim, sai tudo errado. Você se veste, você se despe, ele se veste, ele se despe... Os dois são parte de uma mesma prece. E então, você acha que o quintal ao lado é mais verde? Não se engane, grama sintética não mata sede. Seus fetiches são suas portas, seus escapes e suas realizações, possa ser que pro vizinho seja só um acúmulo de frustrações. A janela discreta te faz olhar pra dentro, pra dentro de um mundo que você nem sabe que é tão intenso. Discreto jeito de gritar, de mostrar pro mundo que nem tudo são flores e onde há tantos sorrisos, há também muitas dores. Janela da alma, leve e pesada feito água. Janela do eu, do meu, do seu, do nada.
Mestre Ikaro Domini (Pedro Bial do BDSM)
Sim, pessoas têm falhado diariamente. Lâmpadas também.
Pessoas instáveis te dão agonia. Lâmpadas também. As pessoas uma hora, vão te deixar na mão. Lâmpadas também. Pessoas que te deixam no escuro não te fazem bem. Lâmpadas também.
As pessoas precisam de um lugar seguro. Lâmpadas também.
Algumas pessoas apenas te esquentam. Lâmpadas também.
Muitas pessoas só te queimam. Lâmpadas também. Tem pessoas que não têm luz própria. Lâmpadas também. As pessoas estão falhando. Lâmpadas também.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
Cada um tem uma concepção diferente de libertação, mas pra quase todos os submissos, dominadores, BDSMers de modo geral, a verdadeira libertação vem através desse modo de vida. ((Lembrando bem que BDSM não é refúgio, a concepção de refúgio é outra.)) Não é muito incomum ver praticantes sendo felizes, sendo realizados e sendo eles mesmos no BDSM. Esse ar de poder fazer algo e realizar nossos fetiches sem sermos apedrejados, é o que nos torna livres. Poder chupar um pé, poder ser mesa de alguém, poder mijar em alguém, poder usar fraldas, poder personificar um dog ou até mesmo, usar suas roupas pretas com spikes, argolas e uma calcinha branca por baixo. Essa liberdade a gente não encontra em relacionamentos baunilhas sem o mínimo de julgamento e negação. Se você realmente quer ser pleno com seus desejos reprimidos, o BDSM pode ser uma boa saída para encontrar essa autonomia interna. Vale conversar com pessoas bacanas do meio, seguir perfis legais e de bom comportamento, ler muito, estudar muito, abrir os olhos e ficar atento à tudo que acontece nas cenas próximas à você. O BDSM é uma troca de poderes não só entre pessoas, mas uma troca de poderes com a vida. É, também, uma retribuição da sua realização. É a quebra de uma solidão, é um sorriso sincero pós sessão, é transformar a "dor" em prazer, é criar laços que te entendem, é ser agradecido por ser livre. BDSM é libertação.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
A vivência BDSM não é uma disputa nem luta de egos, é sim, uma troca de poderes e experiências.
Me exponho como dominador num texto que se aplica também para posições submissas. Todos somos heróis. Todos somos heróis nessa vida que muitos de nós precisamos esconder como se fosse um crime cometido. O BDSM ainda é extremamente julgado e mal visto por conta de erros previstos por nós mesmos. Nessa aventura fetichista, todos nós somos heróis, lembre-se disso.
Todo herói tem sua identidade secreta, sua vida cotidiana, seus adversários/inimigos, suas artimanhas pra lidar com situações adversas, alguns tem armas potentes e outros, apenas armas psicológicas. Todos os heróis tem seus atos heróicos reconhecidos por quem assiste, e para ele, apenas uma libertação, uma evolução, uma etapa concluída com sucesso.
Enquanto fetichistas heróis, temos que saber a hora de parar, saber que o fim faz parte de nossa jornada, de auto conhecimento ou não. Quando uma relação (D/S ou não) não está bem, é a hora de levantar a bandeira branca da paz, baixar as armas e deixar o parceiro ir sem que ele se torne seu inimigo.
No BDSM, do lado dos dominadores e dos submissos, temos visto muito abuso de poder x entrega errada pra esse poder acontecer. Muita violência camuflada de ato fetichista. Muita relação pautada em intimidades sexuais. Muita falta de respeito ao ser humano e à pessoa a quem se gerou um compromisso. Dominadores extorquindo submissos e submissos caçadores, atirando pra todos os lados sem pensar no que ele mesmo propôs ao dominador.
Não deixe que sua caminhada heróica vire uma cena de batalha, de disputa e de mais desrespeito em que só você sai perdendo. Saiba que todo ser humano é livre, ninguém é dono de ninguém, nenhum contrato BDSM tem valor judicial legal, nenhuma confiança deve ser quebrada... Seja honesto. Você precisa saber a hora de deixar ir ou de ir de forma digna. É isso que faz de um herói BDSM, um vencedor, parte da sua jornada é o fim.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
Você precisa ser grande. Você tem a obrigação de ser o maior. O maior pra você. Você precisa ser a grande pergunta e a melhor resposta, precisa saber se questionar antes que alguém te responda. Você não pode esquecer o medo, você simplesmente não pode deixar de ter medo. Acredite no medo e na coragem que ele cria, enfrente, seja o medo. Você precisa ser você. Convicto, invicto, implícito. Você tem o direito de ser você, do jeito que você quiser, com as armas que quiser, com o grito que quiser.
Você precisa ter os pés no chão, e muitas vezes, ser o chão. Precisa saber onde pisa pra poder pisar certo, no lugar certo, momento e tempo certo. Você precisa ser grande, grande pra você!
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
Musca domestica, conhecida pelos nomes comuns de mosca-doméstica, mosca-de-casa, é uma espécie de díptero braquícero da família Muscidae. É um dos insetos mais comuns e com uma presença habitual na maioria dos climas da Terra. (Wikipédia).
Todos nós sabemos que moscas preferem ambientes sujos, fétidos e até mórbidos. Há moscas no BDSM. Elas posam de perfil em perfil, pegando o que tem de mais sujo e deixando resquícios em outros perfis. Essas moscas não produzem nada de positivo na sociedade/comunidade BDSM, são apenas moscas. Indivíduos individuais prontos a não somar, apenas sugar. Moscas não conhecem flores, não conhecem néctar, não conhecem ar puro, não conhecem liberdade, não conhecem belezas genuínas e não conhecem nada de trabalho em grupo. O BDSM está sendo cercado por moscas, posando de perfil em perfil, sem agregar, sem multiplicar. Posam em qualquer merda. Se oferecem para qualquer prato sujo. Se deleitam sob qualquer migalha. Há moscas de todos os lados... Dominadores posando em suas próprias merdas e submissos posando em cada merda que certos dominadores produzem e deixam nas redes sociais. Não dá pra imaginar nada além de pessoas posando nas outras, vários biscoitos com cocô de moscas, vários harness jogados no chão sujo do motel barato. São submissos posando de dom em dom sem adquirir dom (talento/maestria/valor) nenhum, são dominadores arrecadando quantidade e não qualidade. São baldes abertos cheios de moscas e nenhuma flor.
E no final, lamentamos não poder ensinar moscas a serem abelhas.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
Nem toda sessão ou contato BDSM é uma D/S ou S/M fixa. As pessoas têm confundido muito as intenções fetichistas. Uma sessão precisa ser precedida de um bom relacionamento interpessoal (geralmente virtual) entre as partes, e parte desse papo, deve ser estabelecer os passos até a sessão acontecer, fatos/atos durante a sessão e o pós sessão, que não seria nada mais, que deixar as coisas bem claras. Muitas pessoas não entendem a ligação BDSM apenas como uma ligação BDSM. Submissos têm usado essa ligação como forma de possessão. TÁ TOTALMENTE ERRADO! Dominadores também estão tendo resquícios desse problema onde acham que os submissos são suas posses eternas. Os submissos estão com a mania infantil de sentirem ciúmes de outros submissos, de exigir satisfação e atenção dos dominadores, de querer coisas/fotos/vídeos exclusivos e de achar que são peças fundamentais na vida fetichista do dom. Por outro lado, alguns dominadores estão com a doença da manipulação. Estão criando expectativas desnecessárias, estão abusando psicologicamente de subs 'fracos', estão extorquindo e proibindo esses indivíduos de continuar suas vidas baunilha pós sessão. Precisamos entender as diferenças, as posições, os gostos e os focos. Precisamos conversar mais, criar intimidade e sanar dúvidas. Precisamos deixar o pós sessão apenas como a porta aberta pra uma nova sessão ou sessões, não como o pretexto pra uma possessão desnecessária e impensada.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
Em períodos de solidão, auto conhecimento ou apenas execução de fetiches, fazemos coisas extremamente perigosas, impensadas e irreparáveis (caso não saia como imaginamos).
Sexo é pra ser algo saudável além de prazeroso, mas parece que uma grande parte da população sexualmente ativa, principalmente no meio gay, não tem consciência disso. A prática sexual com objetos sempre existiu, mas vem se tornando comum e danoso ao mesmo tempo nos dias atuais. Objetos como vasilhames de desodorante, laquê, inseticida, cabo de escova de cabelo, cabo de vassoura, alguns tipos de frutas/legumes/raízes, haste de antena, corpo de boneca de brinquedo e garrafas de vidro são eventualmente vistos em locais de desserviço humano como o Twitter e sites dentro e fora da "deep web". Só quem presenciou ou conhece pessoas que trabalham em emergências de hospitais, sabem o quão perigosas essas práticas podem ser. Em muitos casos, o risco de morte é iminente e visível. Conseguem imaginar uma garrafa de vinho (de vidro) estourando dentro do canal retal/vaginal de um ser humano? Não podemos mais, em pleno século XXI, aceitar que pessoas se divirtam, se masturbem e/ou introduzam objetos não indicados/seguros em seus corpos e no de outras pessoas. O mercado sexual está em expansão mundial e os sex shops estão à todo vapor trazendo ótimas opções de próteses, dildos, masturbadores e uma série de novidades para que possamos apimentar nossas relações. Não há mais uma necessidade imbecil de correr riscos desnecessários.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
Muitas práticas invasivas têm se tornado "comuns" nos meios fetichistas e até nos baunilhas. O fisting (fuck-fist, fist fuck, fist-fucking, fisting and fucking e todas as suas variações linguísticas) é uma delas. Pouco se fala e expõe, mas esse ato pode levar à óbito. A prática tem ultrapassado a barreira do aceitável e tem causado efeitos não tão aceitáveis pela comunidade médica. Dentre as principais mazelas, está no exercer a penetração de mãos e pés sem nenhum tipo de proteção (luvas, plástico filme e camisinhas). Nossas unhas carregam milhares de bactérias não compatíveis com a parte interna do nosso corpo. Assim que essas bactérias entram em contato com mucosas anais/vaginais, o risco se torna real e pode ser irreversível. Fora que, ao se penetrar sem proteção, as unhas e partes rígidas dos dedos podem se tornar pequenas armas e provocar fissuras internas, rompimento de fístulas e outros danos. Algumas pessoas fazem o "hard fisting", onde é introduzido muito além do punho, chegando até proximidades do ombro. Não só é chocante, como pode ser ali, o último ato fetichista da vida de alguém. Não é difícil saber que órgãos, ao invés de empurrados (o que já é um problema), sejam perfurados e tenham hemorragias fatais. Como todos sabem, apesar dos riscos, o prazer tem que ser prazeroso e não danoso. Se você se sujeita à práticas que podem te causar riscos fatais, precisa estar consciente de tudo e de todos os problemas futuros. O que a gente vê o outro fazendo, pode não ser apropriado pra nós. Cada corpo uma regra e uma reação, somos ímpares.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
Em tempos de fim de mundo, onde o mundo nunca acaba, pessoas entram e saem das religiões... e do BDSM.
Cada dia mais, o BDSM se aproxima, se confunde e mistura com "religião". Durante um filme oriental qualquer de procedência duvidosa, conheci algo que nos leva a refletir bastante. Para que uma religião exista, três bases são necessárias, são elas: liderança (uma ou umas ou muitas), fiéis (nem sempre tão fiéis) e escrituras (muitas vezes, obscuras).
No bendito BDSM não é muito diferente, temos dominadores (supostas lideranças), submissos (supostos fiéis) e escrituras (mesmo que não em formato de bíblia, a liturgia). Assim como nas religiões, grande parte dos problemas no BDSM, são os falsos profetas, o falsos dominadores. Pessoas que se colocam em pedestais inatingíveis e com verdades secretas aleatórias criadas em suas cabecinhas férteis. Do outro lado, temos os nossos fiéis submissos, que na maioria das vezes, desconhecem qualquer significado ou sinônimo de fidelidade. São pessoas que vivem rezando pra muitos deuses e não agradando ou sendo agradado verdadeiramente por nenhum deles. Por fim, escrituras... Essas, deturpadas cada dia mais. Loucos, definindo e redefinindo o BDSM à todo momento. Criando e disseminando novas verdades duvidosas. Usam a liturgia e o dom da palavra para promover desordem e danos à novos fiéis desinformados. Como cada um tem uma verdade individual, se faz mais que necessário, que cada um de nós, saibamos interpretar nossos ídolos, nossa entrega e tudo que lemos/vimos por aí. BDSM é uma troca de poder onde um reza é o outro abençoa. Um clama, outro perdoa. Um ama, outro ecoa.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
Muita gente tá no BDSM e se culpa por isso, o que é muito confuso. Não é incomum, submissos sentirem que estão fazendo algo errado, ilícito ou imoral. O BDSM é uma ponte para o prazer e não para um problema maior, com isso, devemos estar conscientes de tudo que fazemos, com quem fazemos e o motivo que estamos fazendo. Sabemos que somos um país com histórico bastante religioso e fomos criados nessa cultura. A cultura do pecado. Muitos já morreram por conta da intolerância e ignorância através da falta de informação. No BDSM, isso tem afetado muitos de nós, principalmente nos submissos. A base para estar no BDSM, é SSC (+C usado por mim), São, Seguro, Consensual e Consciente. Se você se encaixa em todas essas bases, não se culpe por praticar o BDSM e todos os fetiches que te fazem bem. Não tenha culpa de ser feliz. O BDSM é uma liturgia, é modo de vida, é realização, é prazer, é libertação. Não carregue a culpa de levar um pecado que não é seu.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
Ninguém aqui é gato, ninguém aqui tem sete vidas, ninguém aqui precisa estar em cima de algum muro.
O mundo fetichista tem imposto alguns muros por conveniência pessoal. Pessoas covardes que usam pessoas fracas sem "lados" para que eles sejam objetos de retenção, de culpa, de provocação, de soma negativa. Essas pessoas acham que não ter lado é ser neutro, onde é justamente o contrário. Grupos são criados e essas pessoas são só pesos mortos pra quem os administra. Encabeçadores desses grupos, usam esses pesos mortos para que eles sejam a soma negativa, pois quem cala, consente e apóia por tabela. Esses votos neutros se abstém de retóricas e afirmações, ou concordam indiretamente com coisas que não tem coragem emocional de ser contra.
Caráter não se adquire no BDSM, caráter vem de berço. A sua persona fetichista depende diretamente da sua persona particular. A personalidade nunca estará na máscara, a máscara deve ser apenas um item de caracterização. Confie, mas seja confiável. Se você é contra algo ou à favor, fale. Use sua voz pra ser você. Se presenciar um amigo sendo ofendido e difamado onde ele não possa se defender, o defenda. Se sabe que não pode contar com certas pessoas e pode contar com outras, vá com quem lhe estende a mão. Não tenha medo de ser julgado por se posicionar. Não tenha medo de criar seu próprio status, e não ficar à sombra de status alheios. Não eleve muros cada vez mais altos, mais pontiagudos, escorregadios e mais diferentes do que você construiria naturalmente.
Afinal, supomos que quem sabe subir, saiba descer... ou cair... ou ser derrubado.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
Dois pesos, duas medidas, um erro recorrente. Afinal, quem tá dominando os dominadores?
Sabemos que o cenário fetichista e em foco, o BDSM, tem mudado constantemente. Essa mudança nem sempre é positiva, muitas vezes, degradante. Creio que todos nós saibamos quem são os tops, os bottoms, doms, submissos, os mestres e os escravos ou até mesmo, na linguagem mais bizarra aplicada no BDSM, os ativos e os passivos. Mas têm surgido uma leva de pessoas em posições "top" na hierarquia sendo controlados por posições inferiores, algo também conhecido como "bottom from the top", porém um outro ato tem chamado muita atenção no meio, os submissos manipulando e usando os dominadores ou pseudo dominadores descaradamente.
Submisso X manda foto com sandália na boca, dominador Z posta. Submisso W manda foto com plug na bunda, dominador Z posta. Submisso Y manda foto em pose de reverência, dominador Z posta. Submisso manda foto usando castidade peniana, dominador Z vai e posta. No final, esse dominador está apenas sendo usado, levemente abusado, refém e brinquedinho na mão desses submissos espertos e carentes por exposição. Nenhum submisso é submisso dele e ele não é dominador de nenhum deles, apenas tá cedendo biscoito alheio.
Não vejo isso como um tipo de fetiche, considero um vácuo emocional, social e carência midiática. Portanto, saibam seus papéis nas redes, no meio e no que você se propôs a ser no BDSM. Nenhum dom é dom porque tem 40 submissos virtuais. Práticas virtuais de BDSM são uma alternativa, uma saída, um método paliativo de manter contato, não uma realidade que te pauta e põe numa posição de comando. Ninguém é marionete de ninguém.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
Termo bonitinho e empoderado né? Não na realidade do meio fetichista.
Tão errado quanto defender a bandeira do "aceitar o corpo" quando se tem um corpo escultural, é rejeitar membros/pessoas que não têm o corpo ou perfil que você espera ter em mãos/posse. Gosto pessoal é uma coisa, rejeição explícita e preconceito é outra. Esse comportamento vem sendo bizarramente expandido no BDSM, pessoas estão se sentindo bastante excluídas e de certa forma, diminuídas diante dessas situações. Vocês não acham estranho ver poucos negros (quando conseguem aparecer) nos rolês BDSM? Não acham estranho quase não ver presenças de homens afeminados no meio? Não acham estranho que só os sarados com pouca roupa são ovacionados? Não é estranho, isso é típico do BDSM nacional, a exclusão. Sim, submissos gordinhos procuram certos dominadores e eles são ridiculamente rejeitados ou deixados no vácuo, assim como acontece com nordestinos, pobres, peludos, deficientes, lacradores e acreditem, com mulheres apenas por serem mulheres. Racismo, transfobia e misoginia são atos batidos e abafados todos os dias por falsos militantes achando que seus holofotes nunca podem ser apagados. É ridículo ver dominador fingindo que mulheres não são importantes e não somam no BDSM, é triste ver dominador rejeitando submissos porque eles têm estrias, ver mulheres descartadas por não terem peitos durinhos e arrebitados, ver subs abandonados porque não conseguem manter o luxo dos donos ou por não aceitarem ser objetos sexuais em suas orgias camufladas de cenas BDSM. Preconceito é doença e o BDSM nacional está infectado, grande parte dele é machista, elitista e restritivo. Body positive, Tomem cuidado!
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
Não é de hoje que o BDSM está se pautando em somas e valores que não agregam. O 'ter' virou uma porta de entrada onde as vozes dos que têm, berram aos ouvidos dos menos providos. A construção do ego de quem está por cima, o torna visivelmente mais aceitável e mais podre por dentro, não existe receita boa para o sucesso se os ingredientes são de baixa qualidade. Ninguém é um dominador melhor porque tem 25 pares de coturno, nem porque tem um flogger de 400 reais, nem porque viajou o mundo, muito menos porque herdou o legado de outra pessoa. Não se faz BDSM contando quantos itens você tem no guarda roupa ou num dungeon, a sua personalidade e caráter devem preceder sua imagem fetichista. Você é o que você mostra e as pessoas te conhecem pelo que elas vêm. Se te enxergam como uma cifra onde o seu status vale mais do que o seu interior, algo está errado. Um BDSM sem respeito, compaixão, compreensão e humanidade, é só uma play descartável (de ambos os lados). Quem tem o que mostrar de verdade, não precisa de artifícios inventados para que seu reconhecimento tenha sentido. Tenha o que teu braço alcança, faça o que você pode e sabe fazer, se inspire no que for bom pra você, não o que foi bom pro coleguinha. Ninguém poderá comprar e medir seus valores se eles forem genuínos. E fica o questionamento... No seu mundo, você é do time dos que têm ou do que são?
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
Temos o pote dos aliciadores, eles vivem pedindo fotos para submissos que sequer conhecem. Pedem fotos para expô-los como suas posses e nunca os viram de perto, nunca existiu sessão física e ainda assim, chamam de 'meus submissos'. Submissos dedicados, submissos obedientes, submissos entregues. Que vergonha!!! Temos o potinho dos dominadores IML (Instituto Médico Legal), que ficam gerando ações rasas em troca de números e visibilidade. Eles vivem pedindo fotos de partes dos corpos (pés, mamilos, bundas, etc) para postar e assim, serem repostados como agradecimento e aumentar os seguidores deles. Aí temos os dominadores Tiago Iorc na fase do álbum 'Troco Likes'. Esses, vão lá, curtem várias fotos suas (muitas mesmo), ao ponto de que você fique sem jeito e curta suas postagens de volta. Expertise fetichista. Eles te postam pra vocês repostarem eles, não tem nada caridade e bom coração, é só marketing pra encher o potinho sempre vazio. Por fim, os ilustres caçadores. Caçadores de aventuras e de tudo já citado, eles entram nos perfis bombadinhos e com certo conteúdo e sai adicionando os seguidores que curtem e comentam as suas postagens. Esse pessoal é de um desespero sem medida, o pote nunca enche, eles não se satisfazem com a sua mediocridade, eles precisam de mais. Quem vê de fora, tem a certeza de que esses dominadores são super tops, super bem resolvidos, super equilibrados e usuários do SSC, mas é bem o contrário. Grande parte desses indivíduos, se estudados mesmo que superficialmente, têm problemas internos gigantescos e que são um risco quando administrados em submissos e outras vítimas. Submissos e coleguinhas que entram nesses potinhos, raramente vão sair felizes. NÃO sejam números para terceiros, seja sempre o seu próprio potinho autossuficiente.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
Somos seres pensantes (alguns fingem que não) e sim, sexuais. As relações sexuais não são enfeites de prateleiras, nem usado para procriação, muito menos pra ser alvo de assuntos tabu. O sexo é vital e para grande parte de nós, indispensável. Sexo é fonte de renda, de auto conhecimento, de satisfação momentânea ou um ápice em momentos oportunos. O problema quando inserimos o assunto "sexo" no BDSM, é a forma indiscriminada ao qual ele é alcançado. Não existe nenhum lugar onde diga que não se pode haver sexo no BDSM. Muitas práticas de BDSM são exatamente e extremamente sexuais, sensuais e sensoriais. Esse conjunto de 'SSS' é a parte empolgante do BDSM. Pessoas muito bem informadas, jamais usam o BDSM como porta ou acesso fácil à relações sexuais, principalmente seguidas de abuso, agressão, falsa simulação de estupro e acima de tudo, transmissão de doenças. Muitos indivíduos usam algumas posições ou fetiches em nome do BDSM para cometer seus atos sexuais. Uns se vestem de cachorros (petplay/dogplay) com a desculpa de que são passivos e uns se põem na figura de dominador pra explicitar a posição de ativo dominante. Nunca se ouviu na história da humanidade, que você precisasse se fantasiar de algo para que seus desejos carnais fossem atendidos com sucesso. Usar o BDSM pra sexo é repugnante, essa é a melhor forma de algo dar errado. BDSM não é um filme, não é um teatro, não é uma cena pornô, BDSM é baseado em liturgia, é comportamento, é modo de vida, é libertação... que não tem nada haver com vida sexual. Fetiches são sempre bem vindos e indicados para apimentar e melhorar a nossa vida sexual, fetiches, não BDSM. Para que o BDSM entre e faça parte da sua vida íntima sexual, é preciso que ambas as partes estude muito, tenham noções de suas posições, de seus limites e saibam separar as coisas. Não achem que eventos fetichistas que acabam em orgia são atos BDSM, não achem que o filme 50 tons ds cinza ou o 365 DNI são retratos do BDSM real, não achem que um cara num aplicativo qualquer que punha o apelido 'dominador ativo pauzudo' curta e entenda de BDSM. Saibam discernir fantasia da realidade. BDSM significa Bondage + Dominação/Disciplina + Sadismo/Submissão/Sadomasoquismo + Masoquismo, portanto, o "S" não é de sexo.
Sexo é escolha (já dizia Rita Lee), BDSM é sorte, realização, arte, amor, entrega, conhecimento e acima de tudo, libertação.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
O parasitismo é a relação entre duas espécies diferentes, em que a beneficiada (parasita) vive à custa da outra (hospedeiro), prejudicando-a... Isso não lhe soa estranho, né? Infelizmente acostumamos com esses exemplares ao nosso redor.
O primeiro tipo, são os que sugam, mais conhecidos como fantasmas. Eles estão em grupos e não fedem nem cheiram, não acrescentam, não produzem nada, não ajudam a elevar a comunidade, são os que fazem papel de número. São os que têm perfis vazios nas redes socais, os que acham que fotos do Google são suas vidas representadas, os que na bio, nada condiz com nada, os que sequer sabem puxar e desenvolver um assunto. Esses parasitas são um tanto inofensivos, porém todo cuidado é pouco. Em seguida, temos os que infeccionam. MEDO. São pessoas esquisitas que assistiram um pornô temático e acham que aquilo ali é BDSM real. São eles que deturpam todos os itens da liturgia, fazem suas adaptações errôneas, e assim, vão infectando novos adeptos com informações totalmente desajustadas. São eles que se acham os tops perfeitos do BDSM nacional, os que do nada, são cashmasters experientes, são os submissos que estão prontos à entregar suas vidas e "topam" tudo, são os mesmos que consideram o 'S' do BDSM como representação do sexo fácil. Vão se alastrando no meio até que consigam barganhar e danificar todos ao seu redor.
Por fim, os mais complicados e os que insistimos em camuflar e fingir que não existem, os parasitas que matam. Não é fácil falar que no BDSM tem estupro, agressão e vários tipos de violência real, machismo, misoginia, homofobia, racismo, transmissão compulsiva de ISTs, extorsão, ameaças, sequestros, todos os tipos de preconceitos possíveis e sim, morte. Precisamos aceitar e expor e alertar que esses parasitas mortais existem e vivem entre nós. Vários crimes de ódio estão no dia-dia desses criminosos disfarçados de atos fetichistas. Muitas sessões com essas pessoas podem ser suas piores experiências, seus traumas eternos ou suas últimas horas de vida. Por um mundo com menos parasitas e mais fetichistas.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
Quem vive o BDSM ou até mesmo, uma vida fetichista, não vive apenas esse mundo. Estamos também, na luta diária do mundo externo, do mundo baunilha. BDSMers e fetichistas também perdem horas na fila do supermercado, perdem entes queridos, são assaltados, têm problemas no trabalho, ficam sem grana, têm dor de dente, ficam deprê, esquecem de pagar um boleto e até deixam um bolo queimar de vez em quando. Não somos super heróis o tempo inteiro, nós somos humanos e essa fantasia do látex, couro preto e coturno não nos cabe 24/7.
Contrário do que muita gente pensa, o BDSM não é só marcar, bater e fuder. O BDSM é cansativo, é complicado, é delicado, é pontual, é ameaçador. A gente se assusta com tantas pessoas chegando e inventando novas maneiras de abuso e facilitação para si mesmo, gente querendo quebrar regras e derrubar toda uma liturgia de anos, gente que usa o meio para outras funções não cabíveis. E o pior, as pessoas estão chegando e aprendendo errado com esses dissipadores. Um, dois, três anos de BDSM e já se acham o Maomé fetichista, mas as fotos são do Google, os textos são do Google e as práticas são da sua cabeça (isso quando não roubam conteúdo de terceiros).
Chega um momento na nossa vida (ou vários momentos, se preciso for) em que necessitamos nos afastar de algumas pessoas, alguns meios, alguns ciclos viciosos. Chega uma hora que você se toca de que não estar bem, tem um ponto de saída em comum. Chega uma hora que você cansa de tanta coisa ruim, negativa, depreciativa e errada. Essa é a hora de se olhar, se respeitar e se cuidar. O BDSM é lugar de gente sã e que preza pela sanidade do próximo também, é lugar de segurança para ambos os lados, é onde o consentimento tem posição de destaque e acima de tudo, ser e estar consciente é crucial para que tudo dê certo.
Não tenha medo ou vergonha de se reconectar, de rever as "amizades", de excluir quem não soma, de olhar pra dentro e se valorizar.
Fique off quantas vezes quiser, se desligue quantas vezes precisar.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
Muito debatemos sobre práticas fetichistas suspeitas se aproveitando do BDSM para que possam ter resquícios de defesa. Partindo do início, tudo dentro de sessões BDSM, precisam ser de comum acordo entre as partes, o tal famoso "CONSENSUAL". Infelizmente, na realidade, isso pouco funciona. Não sabemos os motivos de cada um, mas algumas práticas (fetiches) vêm sendo agregadas ao BDSM como se isso fosse parte da liturgia contida nas tais siglas. Um dos fetiches mais comuns está sendo o rape play (simulação de estupro). Infelizmente (mais uma vez), pessoas vêm se aproveitando dessa abertura para extrapolar seus desejos mais escrotos. Vários homens (mulheres são certamente uma minoria, mas fazem também) em posse de títulos superiores, usam essa suposta superioridade para que apenas suas vontades sejam executadas. Eles esquecem que o BDSM é uma play de troca de poderes, um lado precisa ceder às ações de livre e espontânea vontade, estando ambos, sãos e se sentindo seguros. Tirar méritos, menosprezar, utilizar de atos degradantes, prejudicar mental e socialmente alguém, não te faz um macho alfa, muito menos te permite estar usando o nome do BDSM em vão. Gerar danos nos submissos/bottoms/partners passivos virou rotina para quem "inocentemente" não teve intenção de fazer. Não é porque a pessoa está abaixo na hierarquia, que não deve ser respeitada. Não existe dominador sem submisso, logo, entende-se que somos todos iguais (HUMANOS).
BDSM não é porrada gratuita, isso é agressão. BDSM não é sexo forçado, isso é estupro. BDSM que foge de qualquer parte do SSC, é abuso. Não aceite ser vítima.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)
A submissão é uma condição em que se é obrigado a obedecer, se sujeitar e viver a subordinação.
Na doutrina religiosa, de acordo com a bíblia sagrada cristã, o conceito de submissão faz referência ao temor e obediência que o crente deve ter perante Deus... assim como o submisso deve ter reverência ao seu dominador.
Não existe uma explicação lógica, psicológica ou certeira de onde vem a submissão, mas temos a certeza de que vem de dentro. Não se cria a submissão espontânea em alguém, a submissão já pré existe na pessoa e ela é apenas aflorada, moldada e lapidada.
Algumas pessoas teem ciência dos seus resquícios de submissão desde as suas primeiras infâncias, outras, descobriram a usar sua submissão como forma de equilibrar sua vida de poder sobre alguma classe.
Crianças com tendências mais fechadas e acanhadas são expostas à constrangimentos e retaliações, isso não os tornam submissos, mas alguns deles, teem ali, seus botões acionados pela primeira vez. Adolescentes que também não possuem um bom traquejo social, não são descolados ou independentes, geralmente tem proporções submissas bem acentuadas. Adultos bem resolvidos, porém com grandes responsabilidades, também representam boa parcela dos submissos. São pessoas com cargos de gestão de uma grande equipe, são pessoas em patentes altas em forças policiais/militares, homens com alto nível de responsabilidade e comando.
Muitas vezes, a submissão é uma mistura de fuga, realização e zona de conforto. Ela não é uma invenção, é um estado físico, social e emocional em que viver sua plenitude e entrega é algo constante.
Não existe submissão sem a disposição para obedecer, para aceitar uma situação de subordinação, docilidade, obediência e subalternidade. Se não for real e de vontade própria, não pode ser submissão, é abuso ou burrice.
Mestre Ikaro Domini (O Pedro Bial do BDSM)

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